segunda-feira, janeiro 30, 2006

Os Planos de Deus e a pequenez humana II

sexta-feira, 27/01/2006, foi um dia que ficará marcado em minha memória. Foi um dia em que fui chacoalhado por Deus. Sabem aquela sensação de ver a vida passando diante de seus olhos? Experimentei algo mais ou menos assim. Senti-me pequeno, muito pequeno.

Chequei do trabalho e minha esposa me recebeu. Estava feliz porque tinha arrumado toda a casa e preparado toda a comida para a festa que daríamos no sábado. Minha irmã, Anninha, estava com ela. Ela estava feliz, e eu preocupado. Só conseguia pensar que não daria tempo de arrumar o quintal, que o refrigerante não estaria gelado, que tínhamos que encher as bolas.

Ela me beijou e disse que eu relaxasse e fosse tomar um banho. Enquanto isso ela faria pizzas para lancharmos. Saí do banho ainda me sentindo preocupado, e fui verificar se o refrigerante estava gelado. Estava chovendo. Era chuva forte, mas eu já vi chuva forte antes.

Comecei a tirar do chão qualquer coisa que pudesse entupir o ralo. Sacos plásticos, panos, terra. Até então eu estava calmo. A água subia, mas eu estava tranqüilo. Até que notei que a água entraria no porão que fica embaixo da escada. Pensei em ir até lá. Anninha iria comigo. Mas não havia mais nada a fazer, a água estava entrando no porão.

Voltei para dentro de casa. Para lanchar e ver TV com minha família. Foi aí que ouvimos o barulho vindo do banheiro. Tudo borbulhava e o barulho era muito estranho. Pela lâmpada da cozinha pingava água. Apagamos a luz e olhamos para o banheiro, tentando descobrir o que significava aquele barulho.

Foi quando vimos a cena que ficará marcada em nossas memória: a água preta começou a subir pelo ralo. A água subia e nós não sabíamos o que fazer. Anninha disse para eu fechar a porta, mas era tarde, a água estava chegando à cozinha.

A velocidade da água era surpreendente. Tentamos manter a calma. Desliguei a geladeira e percebi que a água chegaria à sala. Em segundos a cozinha estava tomada daquela água negra. Anninha e Dja tiraram a TV e o DVD da sala e lavaram para o quarto, deixando-os em cima da cama. E a água chegou à sala.

Eu corria contra o tempo. A água parecia nos perseguir. Foi invadindo a sala tão rapidamente que chegou ao quarto enquanto ainda estávamos lá. “Os livros!” Anninha gritou, mas era tarde. Os livros que estavam na prateleira mais baixa já estavam molhados. Pegamos alguns e jogamos sobre as poltronas. Toda a casa estava cheia de água. Tínhamos que sair dali.

Dja abriu a porta, lutando contra a água que havia tomado a casa. E foi num clarão de raio que eu vi: a varanda estava completamente tomada. Não havia nenhum espaço que a água não houvesse tomado. Dja não conseguia sair. O desespero crescia com o nível da água. Anninha forçou passagem, empurrando minha esposa para fora e pedindo calma. Dja subiu no muro da varanda e chorou. Olhei para traz e vi que não havia mais o que fazer. Fui para a varanda, passei para o quintal e chamei Dja. A segurei firme e a tirei do muro.

Fomos para fora do quintal, na entrada da casa, onde é mais alto. A rua era um rio intransponível. Estávamos ilhados, molhados, e tremendo de frio. Dja chorava abraçada a Anninha. “Pai!” clamei. “Dá-nos Tua Paz Senhor! Nada podemos fazer contra essa água. Apenas dá Paz aos nossos corações.”

Meu Deus amado acalmou nossos corações. Dja parou de chorar e todos nos abraçamos, para nos aquecer. Os vizinhos do outro lado da rua não podiam oferecer qualquer ajuda. Agora só podíamos esperar.

Então o rio tornou-se mais raso. Podíamos ver o asfalto em algumas partes. Voltei ao nosso quintal, mas a água o tinha invadido quase todo. Eu queria entrar e fazer alguma coisa, mas Anninha e Dja me pediram para não ir. Então voltamos para a rua, e quando percebemos que a chuva perdia força, fomos para a casa de minha avó, que fica no quarteirão ao lado.

Minha avó demorou a entender o que estava acontecendo. A TV estava ligada e começava o telejornal. Soubemos que havia cinco mortos, e então eu pude perceber o quanto fomos abençoados. Pela primeira vez tive real compaixão por uma notícia de TV. Pela primeira vez aquela notícia não estava longe de mim.

Pela primeira vez eu senti na pele que eu não sou nada. Senti por aquelas pessoas que eu via na TV. Arrependi-me de ter criticado aqueles que moram em áreas de risco. Eles não tem opção. Não mesmo. Lembrei dos clientes que atendi na CAIXA, que diziam ter perdido os documentos em enchentes, e percebi que eles não eram descuidados, mas tão impotentes quanto eu.

Voltei à minha casa quando a chuva diminui. A água havia escoado e sobrava apenas lama. Liguei para minha avó e contei a situação. Dja e Anninha chegaram depois. Começamos a tirar a lama com rodo e vassoura. Dja me disse o quanto gostava de nossa casa. Lembrou-se de que nós fizemos tudo ali com nossas mãos, mas não queria mais ficar ali. “Se você arrumar outra casa” foi tudo o que eu pude dizer. E fiquei pensando em como arrumar outra casa. Comprar jornal, visitar o local, conversar com o dono, fazer contrato, arrumar fiador. Isso não é tão fácil.

Limpamos a casa, ou ao menos tiramos a maior parte da sujeira, conversando sobre o dia seguinte. Que faríamos com toda a comida que estava pronta? Deveríamos ligar para nossos amigos e desmarcar a festa? Havia algo para comemorar depois disso tudo? Sim, havia. Estamos vivos. Não perdemos nada. Com minha mãe eu aprendi que não se deve deixar de comemorar a vida, não importa o que tenha acontecido. Dormimos na casa da minha avó.

No sábado pela manhã, ainda tomando café, minha avó me disse que havia encontrado Gelson. Gelson é um grande amigo da minha família. Mudou-se para o condomínio na mesma época que meus pais, e passei toda a minha infância brincando com Leo, o filho deles. Gelson mudou-se para Pendotiba há algum tempo, e seu apartamento estava vazio. E foi nesse apartamento que eu acordei no domigo.

Acordei transformado. Percebi minha pequenez. A amizade de Gelson e Janete, o amor de minha vó, a providência divina. Minha vida. Minha esposa. Meus amigos. Dinheiro não compra isso. Inteligência não conquista isso. Meus planos nunca dariam conta disso. Fizemos a festa. Comemoramos a vida e o novo lar.

Os planos de Deus são perfeitos. Obrigado Senhor, por se importar comigo, vil criatura, pequeno e frágil, mas tão prepotente. Tenha misericórdia de nós, teus filhos, e usa-nos para Tua obra. Usa-nos para resgatar aqueles que não Te conhecem. Usa-nos para mostrar que a chuva, com todo o estrago que traz, não é punição Sua, mas conseqüência dos nossos atos impensados. Usa-nos para que todos possam ver que, apesar de nossos pecados, apesar de nossas falhas, não estamos sozinhos. Usa-me para mostrar ao mundo o Teu Amor.

Obrigado meu Pai. Amém.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Manual do Escoteiro Mirim, Táticas de Guerrilha Urbana e Kit de Sobrevivência MacGiver

Bom, já que os coments andam meio escassos, vamos a mais uma idéia. Não sei se vcs lerão isto antes do café, mas fica aí registrada a idéia.

Ah, pra quem não leu os cães ladram mas a caravana segue em frente, leia, pra coisa fazer sentido cronológico.

Concordo com o que Tico disse, que ninguém diria “gostaria de fazer uma suruba”, mas sei lá, não custa tentar. Para garantir o anonimato, pensei em fazer uma urna. As pessoas depositam a pesquisa lá e nós lemos depois, sem saber quem escreveu. Mesmo que todos mintam nas respostas, a própria mentira servirá como diagnóstico.

Também podemos fazer uma versão eletrônica do questionário.

Para despertar o interesse do público, pensei em fazer um livreto, em formato ½ A4, com alguns textos nossos. Podemos pensar num tema único ou deixar livre. Em formato ½ A4 podemos fazer oito páginas com duas folhas frente e verso. A última destinaríamos ao questionário.

Temos que pensar se queremos o apoio oficial do status quo, nos submetendo à censura, ou se faremos independente futebol clube. Estou disposto a bancar a produção de uma tiragem. Algo simple, né, tipo impressão em P&B ou mesmo Xerox de boa qualidade, em papel comum.

Fica a idéia. Coments please!

terça-feira, janeiro 24, 2006

Os cães ladram mas a caravana segue em frente

Tá bom, chega de reclamar e mão à obra. Se não pode vencê-los, suborne o juiz!

Definindo objetivos

Meu objetivo pessoal é esclarecer pontos obscuros e discutir assuntos tabus. Foi por isso que criei o pôcafe.


  • Beber?

  • Crente pode tomar cerveja no bar? Pode tomar vinho em casa com sua esposa? Pode convidar os amigos para uma noite de queijos e vinhos?

  • Fumar?

  • Cigarro? Charuto? Cachimbo? Maconha?

  • Rodízio de massas?

  • Podemos comer até não agüentar mais? Juntar a galera pra uma orgia gastronômica?

  • Ouvir música “do mundo”?

  • Rock? MPB? Funk? Pagode? Clássica?

  • Dançar?

  • Só um pouco? Só se não forem “danças que excitam”?

  • Namorar não crente?

  • Ficar?

  • Masturbação?

  • Sexo antes do casamento?

  • Sexo no casamento?

  • Crente vota em crente?

  • Os valores religiosos devem se aplicar à legislação?

Enfim... isso só pra ficar no terreno do “pode x não pode”, que será minha primeira estratégia.

Sei que são temas meio manjados, mas nunca ouvi uma conversa franca sobre eles. Alias, lembro-me de que conversamos sobre nossa ida à Lapa, e que aquela foi realmente uma realmente uma conversa franca. Sinto falta disso. Eu gostaria de proporcionar aos jovens um espaço para falarem sobre essas coisas.

Nossa vã filosofia

Tico me perguntou porque eu não voltaria para o curso de Psicologia. Eu estou decepcionado com a Psicologia, mas aprendi coisas interessantes, e aprendi a olhar para as pessoas de uma maneira diferente. Um psicólogo tradicional não passa de uma amigo profissional. Um profissional que recebe para ouvir nossos problemas e tudo aquilo que não diríamos a mais ninguém.

O mau do século é a solidão. As pessoas se tornam ilhas de solidão no meio da multidão. Por que? Porque não estamos dispostos a ouvir o outro sem fazer julgamentos.

O que eu quero é criar um “clima de acampamento permanente”, onde nos sentimos unidos e verdadeiros irmãos. Onde podemos contar nossos piores segredos sem medo nem culpa.

Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós!

Odeio opressão. Odeio autoritarismo.

Quero mostrar aos jovens que eles são livres.

Chega de ouvir nossos pais dizerem “porque não.” Ou “porque eu não quero e pronto.”

Chega de ouvir os Pastores e Líderes condenarem comportamentos sem embasamento bíblico.

Basta de recebermos os conceitos enlatados que nos empurram. Basta de deixarmos que os outros pensem por nós!

Como trabalhar isso no tema anual?

Eu mostraria aos jovens a superficialidade do tema.

Abriria seus olhos e diria:

“Vejam isso! Eles estão querendo te enquadrar! Fuja da fôrma! Saia da caverna e encare o sol!”

Mas não poderia ser assim, pois as autoridades instituídas não apoiariam o movimento. Bem, mas se eu estivesse preocupado com o apoio das autoridades instituídas não seria revolucionário...

Façamos o seguinte então: vamos questionar aos jovens quais são suas paixões. Vamos descobrir suas prioridades. Sem demagogias. Vamos perguntar coisas do tipo:

  • Você estuda? Trabalha? Onde e em que horário?

  • Você mora com seus pais? Sozinho? É casado(a)?

  • Você consegue fazer aquilo que gosta, ou é repreendido por seus pais, pastores, cônjuge?

  • O que você gostaria de fazer mas não pode?

  • A que horas você costuma dormir durante a semana?

  • O que você costuma assistir na TV?

  • Que filmes você viu recentemente?

  • Você gosta de ler? O quê?

  • A que horas você costuma acordar nos fins de semana?

  • O que você gosta de fazer sábado pela manhã?

  • O que você gosta de fazer sábado à tarde?

  • O que você gosta de fazer sábado à noite?

  • O que você gosta de fazer domingo pela manhã?

  • O que você gosta de fazer domingo à tarde?

  • O que você gosta de fazer domingo à noite?

Com estas perguntas traçaríamos o perfil da galera. Os questionários devem ser anônimos, para garantir respostas verdadeiras. Assim podemos saber quais são os hábitos dos jovens. Saber se a idéia do ano passado, dos hábitos espirituais, saiu do papel.

Com estes dados, podemos descobrir as “paixões” dos jovens, e trabalhar isso para que o amor por Cristo Jesus seja maior que todo o resto. O que acham?

Vida longa e próspera!

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Eu não sou Pathos! Ou: porque a escolha do tema foi ruim. Ou: Eu sou um chato.

Eu não sou Pathos! Ou porque a escolha do tema foi ruim. Ou ainda, eu sou um chato!

Jesus usa Pathos para se referir à Sua morte porque esta palavra significa sofrer. Segundo Strong:

G3958
πάσχω, πάθω, πένθω
paschō  pathō  penthō
pas'-kho, path'-o, pen'-tho
Apparently a primary verb (the third form used only in certain tenses for it); to experience a sensation or impression (usually painful): - feel, passion, suffer, vex.

Paixão não tem nada haver com amor. Paixão significa viver uma sensação, geralmente dolorosa.

Ué, mas não devemos estar tão cheios do Espírito que agüentaríamos qualquer dor? Sofrer pelo evangelho não é bom?

Depende.

Comentei com minha amada esposa sobre a mensagem de Will no domingo. A mensagem, como as mensagens sobre missões em geral, nos coloca contra a parede do: “você vai largar tudo o que tem para seguir Jesus?” “Você vai deixar seu pai, sua filha, sua esposa, sua casa, seu emprego e seguir Jesus?” “Você vai passar fome como Paulo passou pelo Evangelho?” e para seguir o tema anual: “Você é capaz de deixar tudo por sua paixão?”

(Matthew 19:29 PJFA)  E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna.

Esse é o resumo da ópera. O que me incomoda é a pressão que é feita por causa disso. Ter amor ao nome de Jesus NÃO significa uma vida de privações e sofrimento. Não necessariamente. Cada um tem seu chamado. O plano de Deus é customizado. Ele sabe o que somos e o que podemos dar. E isso não é desculpa para acomodação, mas apenas a lembrança de Ele é o Pai que nos recebe como somos e quer nos dar amor e carinho. Se meu chamado é para vender tudo e ir pra África, então Deus vai providenciar tudo. Isso não será um sofrimento para mim, mas uma dádiva. Isso não será um ato de paixão, mas uma decisão racional de atender ao chamado do Senhor.

O que parece, e aqui me lembro da “Paixão ORKUT” para a qual Tico chamou a atenção, é que o importante é mostrar-se apaixonado. Escrever Jesus em todos os cantos. Tatuar na testa que é crente. Fazer corações com a inscrição “Eu e Jesus”. Usar roupa de crente, ouvir música de crente, falar gíria de crente, comer comida de crente.

O que queremos? Parecer mais crente que os outros? Mais apaixonado que o outro? Escrever no ORKUT, no blog, na testa, que somos apaixonados?

Tuti-fruti com aspartame!

É confundir avivamento com pulos, gritos, mãos ao alto e cara de dor. Vida santa com vida chata. Sacrifício com sofrimento.

Tenho sempre em mente a passagem em que Jesus nos dá conforto:

Matthew 11:28-30 PJFA
(28)  Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
(29)  Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas.
(30)  Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo e leve.

Estou cansado da cobrança para provar que sou crente. “Se você é crente meeeesmo, então não vai a festa” “Se você é crente meeeeesmo, então não ouça esta música” “Se você é crente meeeeeeeeeeesmo então faça o que eu digo, para que eu não me escandalize.”

Só mais duas palavras:

ME POUPE!

sexta-feira, janeiro 20, 2006

A Paixão já passou em minha vida. Foi até bom, mas ao final deu tudo errado...

Bionca,

Gostei de seus pensamentos sobre o assunto paixão... mas eu não gosto do tema e pronto! :-P

Veja a definição de Paixão na Wikipedia:

A paixão é um sentimento de ampliação patológica do amor. Na paixão, o enamorado projeta a sua personalidade no ser amado e se perde nele, como se aquele fosse um pedaço seu que foi embora. O acometido de paixão perde sua individualidade em função do fascínio que o outro exerce sobre ele. É um sentimento doloroso e patológico, porque, via de regra, o indivíduo perde a sua individualidade, a sua identidade e o seu poder de raciocínio.

Sim, nós nos projetamos em Deus e queremos estar com Ele, nos perder em Seus braços. No entanto, veja que mantemos nossa individualidade, por mais profunda que seja nossa união com o Senhor. Mesmo quando tivermos nosso corpo glorificado, ainda serem seres individuais. E, acima de tudo, ser crente não é “um processo doloroso e patológico”.

Como você disse: “se paixão significa perder o controle das atitudes por se estar possuído por um deus” e “nosso corpo é templo do Espírito Santo, Ele não passeia nem se retira, Ele habita” poderíamos concluir que então estamos apaixonados o tempo todo, já que o Espírito Santo habita em nós. No entanto, note que paixão não é estar sob a influência de um deus, mas estar possuído por este deus. No bacanal as pessoas se perdiam em Baco, perdiam sua personalidade.

Não é isso que Deus quer para nós e não é isso que o Espírito Santo faz. Nossas escolhas devem ser conscientes. Nem acho que a conversão seja algo escolhido, no sentido estrito da palavra. Eu não escolhi livremente ser crente, mas isso é outro assunto. Quando vemos na Bíblia alguém possuído, é pelo Diabo, não por Deus. Geralmente se diz que o crente é cheio do Espírito, não possuído pelo Espírito.

Paixão não é a intensidade da entrega, mas a maneira como se entrega. O que temos são tipos diferentes de amor. Eros, Filos e Ágape, se continuarmos na Grécia. Note que não são intensidades diferentes, mas tipos diferentes. Paixão é outra coisa: Pathos.

Não quero ser possuído. Não quero que os jovens sejam possuídos. Ao contrário, quero que sejam livres.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Resultado CEDERJ!


   Saiu o resultado do Vestibular: Fiquei em quarto!

   Droga... nem fui pro pódio. Já fui melhor nisso. Hehehe....

Transparência

Este é u comentário que deixei no blog do VHS. Ele escreveu sobre relacionamentos. Vale a pena ler.

Fala cumpadí!

Texto bem escrito, simples e objetivo. Parabéns.

Vamos ao conteúdo, pois tenho algumas divergências.

Não concordo que um bom relacionamento tenha haver com o verbo ceder. Querendo ou não, quando fazemos algo, esperamos outro algo "em troca". Toda ação tem uma reação. Quando um relacionamento tem por base o ceder, invariavelmente alguém vai achar que está cedendo mais, ou vai achar que não deve ceder em um ponto específico.

Em vez de concessões, prefiro a transparência. Comecei meu relacionamento com a Dja contando boa parte de minha história. Falei do divórcio, da minha filha, dos meus ideais. Uma coisa deixei claro desde o ínicio: eu diria a verdade, não importa o quanto isso pudesse doer. Não mentiria para agradar a ela ou a quem quer que seja. E sou assim com ela e com meus amigos.

Ela também não me esconde nada. Não finjo que não vejo os defeitos. Com certeza ela tem mais qualidades que defeitos, ao menos aos meus olhos apaixonados, e isso me basta.

Quando algo não me agrada eu reclamo. Reclamo na hora. Se eu guardar a reclamação por estar "cedendo", cedo ou tarde isso virá à tona, e invariavelmente vai machucar alguém.

Sim, devemos suportar muitas coisas por amor. Cristo suportou muito mais do qualquer outra pessoa. E até Ele espera algo em troca: o nosso amor. Não por necessidade, mas por amor puro e simples como só Ele tem.

Eu sonho com o dia em que conheceremos realmente nossos irmãos. Neste dia poderemos realmente confessar nossos pecados uns aos outros, sem medo de ser considerado um Pária. Ninguém precisaria ser mais crente que o outro. Conviveriamos com nossas diferenças, seguindo rumo ao alvo, que é Cristo.

Deus te abençoe meu irmão!
Tô com saudades cara, por onde tens andado?

[]s
Marcelo

terça-feira, janeiro 17, 2006

Alê, eu amo você, mas não estou apaixonado.

Este é um comentário que deixei no Blog da Alê. Veja o post original.

Alê, eu te amo de verdade, desculpe se peguei meio pesado, não é nada pessoal. Mesmo.

Reprodução do comentário:

Paixão... é... teremos que lidar com esse assunto até o fim do ano né? Então tá...

Simplesmente não gosto deste termo. Não gosto e pronto! Hehehe.

Sério, não acho que Jesus tenha sido apaixonado por nós. Paião é o que sentimos quando vemos uma pessoa que ainda não conheçemos tão bem, e é a paixão que nos move a conhecer melhor; se gostarmos do que virmos, então fica o amor; senão, o desgosto.

Jesus nos conhece melhor que nós mesmos. Já nos conhecia antes que tivessemos nascido, como poderia estar apaixonado por nós? Ele nos amou, profunda e intensamente, mas foi amor, não paixão.

Paixão é doença. Paixão altera a percepção. Paixão é sentimento humano.

E nós? Podemos nos apaixonar por Jesus? Certamente que sim, já que Ele é a pessoa mais maravilhosa que existe. O problema é quando esse relacionamento é baseado apenas em Paixão, e não vira um compromisso sério.

Acho que não podemos nos deixar levar por uma onda de paixonite aguda. "Ficar" com Jesus não é legal. Bom mesmo é ter um relacionamento de verdade.

Mudando a perspectiva: você já se apaixonou por seu pai ou sua mãe? Se sim, você deve sofrer te um tremendo complexo Edipiano. hehehe... Amo meu pai, minha mãe, minhas irmãs, minha avó, mas nem por isso tive que me apaixonar por eles. Entende onde quero chegar?

Paixão é um sentimento egoísta, onde buscamos no outro algo que nos satisfaça. Não que não queiramos o bem do outro, mas somente investiremos de verdade na relação se esta paixão passar.

Pra meus irmãos que estão apaixonados por Jesus:

Colossenses 3:1-5 PJFA
(1) Se, pois, fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.
(2) Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra;
(3) porque morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.
(4) Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória.
(5) Exterminai, pois, as vossas inclinações carnais; a prostituição, a impureza, a paixão, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria;

Os planos de Deus e a pequenez humana

Domingo passado (15/01) estive na classe do Batalha. Ele falou sobre a segunda viagem missionária de Paulo.

Duas coisas me chamaram a atenção: Paulo ser impedido pelo Espírito de Deus e a flexibilização de algumas “crenças”.

Foi muito interessante refletir que, quando nossos planos não saem como queremos, logo colocamos a culpa em satanás, mas não paramos para pensar se os nossos planos são os planos de Deus, e que talvez Ele esteja nos impedindo de fazer algo.

Oramos à Deus para que Ele faça Sua vontade, mas nem sempre estamos prontos a admitir que talvez a nossa vontade, por mais bem intencionada que seja, pode não ser a vontade do Pai.

Atos 16:6-8 PJFA
(6) Atravessaram a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia;
(7) e tendo chegado diante da Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não lho permitiu.
(8) Então, passando pela Mísia, desceram a Trôade.

Por duas vezes Paulo foi impedido de levar a cabo seus planos, mas atribui isso ao Espírito de Jesus, e não à satanás. Por que o Espírito Santo iria impedir o plano de pregar o evangelho? Por que Deus tinha outros planos. Satanás não teria poder para impedir a disseminação do evangelho. Como vemos em Jó, o diabo só age com a permissão de Deus. Como vemos em várias outras passagens, o diabo não pode tocar aqueles que são de Cristo.

Não vou me aprofundar muito, mas é interessante refletir sobre isso.

Outro assunto abordado foi o da flexibilização. Paulo fala claramente contra a circuncisão, mas não pensa duas vezes ao circuncidar Timóteo:

Atos 16:1,3 PJFA
(1) Chegou também a Derbe e Listra. E eis que estava ali certo discípulo por nome Timóteo, filho de uma judia crente, mas de pai grego;
(3) Paulo quis que este fosse com ele e, tomando-o, o circuncidou por causa dos judeus que estavam naqueles lugares; porque todos sabiam que seu pai era grego.

Paulo faz isso porque sabe que, para ele ou para Timóteo, a circuncisão nada significa. Paulo poderia ter debatido e argumentado, afinal, ele era muito bom nisso, e convencer os demais de circuncisão não significa nada. Mas não era esse o objetivo de Paulo no momento.

Paulo sabia ser flexível:

1 Corintios 9:19-23 PJFA
(19) Pois, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos para ganhar o maior número possível:
(20) Fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse eu debaixo da lei (embora debaixo da lei não esteja), para ganhar os que estão debaixo da lei;
(21) para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei.
(22) Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.
(23) Ora, tudo faço por causa do evangelho, para dele tornar-me co-participante.

Pois é, Paulo era cheio do Espírito e sem dúvida era sábio.

O que me preocupa é a aplicação destes princípios nos dias de hoje. Numa igreja como a PIBN, em que temos várias “espécies” de crentes, como agir? Às vezes me parece que nos tempos da bíblia as coisas eram mais fáceis. As igrejas eram mais uniformes. Sei que é apenas aquela velha sensação de que a grama do vizinho é mais verde, mas fico sem saber como agir em determinadas situações.

Lembro-me de várias conversas do tipo “pode / não pode” que o Atos 29 teve. Pode ou pode fazer festa? Se fizer, pode ou pode convidar toda a igreja? Pode ou não pode dançar? Pode música do mundo ou só de plutão? Nessas horas sempre surgia a discussão sobre a carne: pode ou não pode comer? Vale comer escondido?

E acabamos decidindo que, por amor aos irmãos mais fracos, nos faríamos de fracos e... nada de festa.

Mas aí, como ganhar os fortes? Como mudar a cabeça da juventude que tanto anseia por liberdade e, quando frente a frente com a liberdade alcançada em Cristo, se vêem obrigados a abrir mão disso por causa dos mais fracos, que geralmente são os mais velhos. Já não bastasse todo o conflito que existe entre as gerações, ainda criamos mais este impasse. Por causa disso muitos jovens não gostam da igreja e deixam de freqüentar a congregação. Por causa disso muitos se perdem. E onde estão os pastores que deveriam deixar as noventa e nove ovelhas no deserto e buscar aquela que se perdeu?

sexta-feira, janeiro 13, 2006

O grande saloon de nossas vidas.

O post que se segue foi um comentário ao texto do Luiz Asp de Queiroz (cara, eu gosto do seu nome, acho que vou pegar ele pra mim). Luiz relata uma experiência de sua vida. Uma amiga o convida para seu aniversário e a noite termina de forma abrupta. Vale a pena ler.

Segue link para o post dele: Loneliness of long distance runner

Segue meu comentário, que também está na página dele.

Irmão,

Quando vc pediu que eu lesse o texto, eu já o havia lido. Comentei em casa, mas não tive coragem de postar nada.

Pelo texto em si, parabéns pelo estilo. O texto flui leve como um conto, em contraste ao conteúdo denso e triste.

Pela experiência de vida... cara, eu gostaria de comentar cada linha, mas seria um post enorme! Vou tentar.

Você começa dizendo que não sabe bem o porquê, mas quer ficar em paz com seu passado. Ontem escrevi, mas ainda não publiquei, uma reflexão sobre liberdade. Nunca seremos realmente livres, pois estamos presos a nós mesmos. Por mais que você queira, não poderá mudar sua história e os efeitos que ela causa em você. O melhor é fazer catarse dos sentimentos, e ficar com a moral da história.

Todos somos cheios de nós aos dezoito. Ou em algum lugar próximo à isso. Chega uma hora em que nos damos conta de que o mundo não é só aquilo que nos é dado por nossos pais ou seja lá quem nos educou. Há muita coisa lá fora que podemos explorar e não tivemos chance ainda. Já temos controle total sobre o mundinho em que vivemos, e isso nos faz pensar que estamos prontos para o mundão lá fora.

Cada vez que contamos uma história, contamos de um jeito diferente. Nossas experiências desde o fato até o momento em que se conta a história distorcem o fato em si. Mas não se preocupe, confiaremos em você. Mas estamos cientes de que esta é a sua versão da história.

Pois bem, foi uma experiência e tanto. Quando olho para meu passado e me pergunto: Porque fiz isso? Por que não fiz aquilo? Costumo me imaginar entrando num bar, na verdade um saloon, com aquele barman coroa com avental sujo. Peço algo pra beber. O que peço depende do meu atual estado de espírito. Hoje eu pediria café com leite, mas já pedi de whisky à cicuta. Olho para os lados e vejo infinitas versões de mim mesmo, como na Crise das Infitas Terras, cada qual bebendo uma bebida diferente, usando roupas diferentes. Eles eram eu e eu era eles, mas não éramos exatamente a mesma pessoa.

Por várias vezes somos expostos à situações em que nossas chances são 50-50. Tomaremos uma posição, por desejo ou por inercia, e carregaremos esta decisão pro resto da vida. Como saber se foi a melhor escolha? Entre no bar e pergunte pra cópia ao lado.

Um grande abraço,
Deus te abeçoe.

terça-feira, janeiro 10, 2006

Pastor não é sacerdote!

Alê, fico devendo a resposta ao vivo, com direito a debate, mas a Djay elegeu a quinta-feira como dia não oficial de ficar doente... :-(

Vamos lá:

A idéia de fazer uma cartilha surgiu quando recebi uma sobre Assédio Moral, elaborada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco. Gostei da maneira leve e bem humorada de expor a verdade dura do assédio moral.

O que pretendo fazer é despertar a juventude para problemas que muitas vezes não são percebidos. Sabe aquela sensação de que algo está errado, mas a gente não sabe bem o que é? pois então, vamos tentar dar nomes aos bois.

"Pastor não é sacerdote" significa que eles não são detentores de benções nem sabem melhor que os demais como Deus pensa. Parece óbvio? Também acho, mas já parou para pensar em quantas pessoas tentam agradar o pastor e não o próprio Deus?

Mateus 10:34-37 PJFA
(34) Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada.
(35) Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra;
(36) e assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa.
(37) Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.


Gosto muito desta passagem. O que Jesus pede é que olhemos apenas para Ele. Percebam a força desta passagem. A Lei diz para "Honrar Pai e Mãe". Ok. Nós não vivemos mais sob a Lei. É por isso que Cristo diz que veio trazer a espada, e colocar o filho contra o pai. Não devemos nos apegar a nada deste mundo. Nada mesmo. Nem pai, nem mãe, nem pastor. Nosso Pastor deve ser Jesus, pois somente Ele é sem pecado.

Então devemos transformar a Igreja numa anarquia? Por mais que eu goste da idéia (hehehe) essa não é a solução, nem o propósito (droga, detesto usar palavras da moda).

O que me incomoda é a pretensão dos pastores de serem "especialistas em Deus". Certa vez um pastor me disse que "Assim como Deus abençoa, Ele pode retirar a mão". Isso foi uma ameaça. Uma ameaça porque o pastor não concordou com algo que eu fiz. Algo que só levei ao conhecimento dele por amor à verdade, pois como ele mesmo me disse em outra ocasião: "a verdade liberta". Infelizmente tenho alguns segredos. E infelizmente alguns pastores preferem que seja assim. Faça o que quiser, mas não me conte, e nem para os outros. Um pastor tem todo o direito de pensar como bem entender e de pregar seus ideais. O que ele não pode fazer é dizer como Deus vai agir em relação a alguém. Ou será que ele tem uma linha direta com o Altíssimo? Eu sou cabeça-feita o bastante para saber como me relacionar com Deus. Deus é mais cabeça feita ainda para saber como se relacionar comigo.

Sabe uma coisa que eu odeio? Pais e Mães que põe medo nas crianças para "educá-las". "Se vc andar sozinha o Homem do Saco vai te pegar". "Se vc não dormir o bicho papão vai te comer". Como disse o Tico: depois que o bicho comeu já era. Parece inofensivo usar este tipo de argumento com as crianças, mas todos nós já recebemos emails com estórias de "Serigas com vírus da AIDS", "Roubo de rins" e coisas parecidas. Porque esse lixo se espalha? Porque algumas pessoas são treinadas desde a infância para acreditar em bobagens.

É contra a disseminação dessas bobagens que eu quero lutar. Vamos jogar limpo! Devemos evitar o pecado. Devemos evitá-lo ao máximo! Mas somos pecadores e, cedo ou tarde, pecaremos. Devemos ensinar nossas crianças e jovens como lidar com o pecado, e não ameaça-los com punição divina. Deus é amor, acima de tudo. Seu amor nos constrange. Ensinando isso às crianças, elas evitarão o pecado por amor, não por medo.

Pastores não podem te absolver ou te condenar. Eles simplesmente não têm esse poder. Aliás, me ocorre uma passagem muito interessante:

Lucas 15:4-5 PJFA
(4) Qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e não vai após a perdida até que a encontre?
(5) E achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo;


O pastor ameaçou a ovelha que se perdeu? Quis "educá-la"? Repreendeu-a de alguma forma?

(Mateus 12:11 PJFA) E ele lhes disse: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma só ovelha, se num sábado ela cair numa cova, não há de lançar mão dela, e tirá-la?

(João 10:11 PJFA) Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas.

(João 10:14 PJFA) Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem


Não guardo mágoa. Não mesmo, porque isso não ajuda em nada. Mas aprendo com a experiência. Percebi que talvez eu não conheça meu pastor, ou meu pastor não me conheça.

Percebi que muito pastor tem inveja de sacerdote. Sentem falta do poder de condenar e absolver. Sentem falta da submissão do povo à sua palavra. Se forem longe demais nisso, logo seremos católicos, com nossa própria versão do Papa. Mas isso é pra outro capítulo...