sexta-feira, janeiro 20, 2006

A Paixão já passou em minha vida. Foi até bom, mas ao final deu tudo errado...

Bionca,

Gostei de seus pensamentos sobre o assunto paixão... mas eu não gosto do tema e pronto! :-P

Veja a definição de Paixão na Wikipedia:

A paixão é um sentimento de ampliação patológica do amor. Na paixão, o enamorado projeta a sua personalidade no ser amado e se perde nele, como se aquele fosse um pedaço seu que foi embora. O acometido de paixão perde sua individualidade em função do fascínio que o outro exerce sobre ele. É um sentimento doloroso e patológico, porque, via de regra, o indivíduo perde a sua individualidade, a sua identidade e o seu poder de raciocínio.

Sim, nós nos projetamos em Deus e queremos estar com Ele, nos perder em Seus braços. No entanto, veja que mantemos nossa individualidade, por mais profunda que seja nossa união com o Senhor. Mesmo quando tivermos nosso corpo glorificado, ainda serem seres individuais. E, acima de tudo, ser crente não é “um processo doloroso e patológico”.

Como você disse: “se paixão significa perder o controle das atitudes por se estar possuído por um deus” e “nosso corpo é templo do Espírito Santo, Ele não passeia nem se retira, Ele habita” poderíamos concluir que então estamos apaixonados o tempo todo, já que o Espírito Santo habita em nós. No entanto, note que paixão não é estar sob a influência de um deus, mas estar possuído por este deus. No bacanal as pessoas se perdiam em Baco, perdiam sua personalidade.

Não é isso que Deus quer para nós e não é isso que o Espírito Santo faz. Nossas escolhas devem ser conscientes. Nem acho que a conversão seja algo escolhido, no sentido estrito da palavra. Eu não escolhi livremente ser crente, mas isso é outro assunto. Quando vemos na Bíblia alguém possuído, é pelo Diabo, não por Deus. Geralmente se diz que o crente é cheio do Espírito, não possuído pelo Espírito.

Paixão não é a intensidade da entrega, mas a maneira como se entrega. O que temos são tipos diferentes de amor. Eros, Filos e Ágape, se continuarmos na Grécia. Note que não são intensidades diferentes, mas tipos diferentes. Paixão é outra coisa: Pathos.

Não quero ser possuído. Não quero que os jovens sejam possuídos. Ao contrário, quero que sejam livres.

4 Comments:

At 9:00 PM, Anonymous Anônimo said...

marcelo, vc tem todo o direito de não gostar do tema, isso é claro! não estou aqui para tentar convecê-lo do contrário.

to colando logo abaixo a cópia do comentário que eu fiz no blog da bionca. lá vai:

bionca!
que legal é ver o seu comentário sobre "paixão"...
realmente, modétia à parte, o pr. rodrigo deveria jogar as mãos para os céus e agradecer por ter alguém como vc. digo isso porque mais uma vez o que vemos é que foi feita uma escolha atabalhoadamente e no impulso de usar a simples idéia da paixão - a paixão Orkut, que aliás vc e o marcelo e todo mundo sempre esquece de citar quando vai discutir sobre esse assunto =D - como tema anual de trabalho e ênfase do MAJA.
duvido que ele tenha pensado em trabalhar a paixão nesse aprofundamento e com a perspectiva, com o embasamento teórico que vc nos apresentou.
e é aí que eu acho que a gente entra: na consciêntização do tema real e denso como ele deve ser feito.

marcelo, eu ainda estava pondo os meus pensamentos em ordem - pq eu absorvo tudo tão rápido em sitema de gestalt-osmose, que depois eu tenho que gastar o meu precioso tempo organizando tudo direitinho para que as idéias e opiniões pareçam bonitas para quem vê - sobre o tema anual, e cehguei até a dizer que o tema seria mais interessante como tema de pregação do que de trabalho. mas a tia bionca acabou de me convencer de que eu estava errado a respeito desse assunto.

o que temos que fazer é conscientizar as pessoas da nossa igreja de que a paixão que temos que ter por Cristo não é a paixão patológica, a paixão ardente mundana, sentimentalista e banalizada... é uma paixão diferente, deligada das raízes psico-sócio-línguo-semântico-teológica. uma nova paixão, ou melhor, como diriam os publicitários, um novo conceito em paixão: a paixão que arde sim, onde há um descontrole porque somos controlados e transformados pelo espírito santo de Deus sim, mas também uma paixão plena de liberdade e de confiança no outro, sem o medo dos riscos e da amargura e da decepção e da desilusão porque dessa vez nos apaixonamos pelo "cara" certo!
o homem das nossas vidas.

abaixo o tutti-frutti; viva o feijão!

 
At 3:21 PM, Blogger Bianca said...

Você tem absoluta liberdade de não gostar do tema, minha intenção não era te convencer do contrário! Só quis propor uma reflexão.

"Mesmo quando tivermos nosso corpo glorificado, ainda serem seres individuais. E, acima de tudo, ser crente não é “um processo doloroso e patológico”."

Não é mesmo, pois o que acontece é que a nossa conscientização se dá com o auxílio do Espírito Santo, o próprio Jesus a quem servimos trabalhou o tempo todo para que nada fosse forçado, para que não nos perdêssemos em rituais, sem a consciência do que Ele queria. Do que era verdade.

A verdade que conhecemos nos liberta, porém não deixa de ser loucura para o mundo. Pois temos um auxílio divino na compreensão das coisas.

A morte e martírio dos santos, como a do próprio Cristo, foram dolorosos sim, mas sua alegria, seu amor, sua consciência e fé, eram ainda maiores, mais intensos.

Eu quis expor o contraste do efêmero grego (e mundano também) com o eterno do cristão. O deus deles possui e se retira, supostamente, e o nosso habita, por isso o pathos não passa mesmo!
No entanto isso não significa que sejamos todos apaixonados (leia-se intensos), pois senão não haveria na bíblia a ordem para que os crentes (com E.S.) fossem cheios dele. É questão de conhecimento, de acréscimo de fé, de santificação. Como o exemplo do Pedro, que conforme a fé aumentou, suas atitudes mudaram!

E, afinal de contas, porque a mesma palavra, pathos, seria aplicada ao martírio de Cristo? Ele não estava efêmeramente apaixonado! Ele era o próprio Espírito!

Talvez esta conversa nem renda tanto no café, pois todo mundo falando ao mesmo tempo, sem concluir os pensamentos, talvez não seja bom. Mas eu acho interessante tentarmos! Afinal, 60% da comunicação é não-verbal, e 30% é o tom, ou seja, nossas palavras são 10% da compreensão.
E filmes de Holywood, tb são cultura! rsrs

Beijão

 
At 11:42 PM, Blogger Jackie Götzen said...

ih....crentez...

 
At 12:21 PM, Anonymous Anônimo said...

Essa discussão é boa!!
Pra todo lado que eu aponto o mouse ela rende teologia e grego.
Vou ficar quieto e só observar.
Ah, gostei de todos os seus textos sobre o assunto, Marcelo.

 

Postar um comentário

<< Home